CONJUNÇÃO INTELECTUAL

Nas entrelinhas dos seus vocábulos, a poetisa, profundamente sensível, derrama sua sensualidade nos seus versos suaves e envolventes, que proporcionam o mergulho nas suas emoções, ativado pelo mistério sobre a origem dos seus pensamentos e pelas suas insinuações, que não se revelam, ocultando a origem concreta da intrigante exposição poética, mantendo nas entrelinhas, tremulando ao sabor do vento, essa imagem translúcida do elemento gerador dos seus devaneios, que fica dispersa nas profundas sombras da percepção...

Eis que os vocábulos, aquecidos pela expectativa elaborada por uma avantajada fertilidade da sensualidade, que se oculta nos recônditos da sua alma, escorrem suavemente, roçando nas suas zonas erógenas já eriçadas na aguda sensibilidade, vagando por todos os meandros do corpo fremente, alcançando os dois polos mais intensos da sua intimidade, onde se alojam em suaves evoluções, até a explosão vertiginosa e arrebatadora, coroada pelos profundos suspiros e gemidos, que exprimem o êxtase apoteótico do prazer, concretizando a expectativa da mente e prevalecendo sobre uma realidade forjada, que permanece subjacente na consciência. Na solidão do leito em ebulição, o travesseiro é sacrificado pelos dentes cerrados, e os vocábulos, úmidos pelo néctar dos deuses, deslizam pelo núcleo incandescente, na languidez e sonolência dos sentidos satisfeitos pela imaginação...

A abstração concentrada nas letras do autor anônimo, apenas para nós, despertou a mente, que acionou a imaginação, gerando a energia que produziu e intensificou o desejo, e este transformou as expectativas na explosiva realidade íntima, desencadeada no corpo fremente e em êxtase... Talvez, essa profunda conexão intelectual, possa envolver o volume de energia, que extrapola os limites da conjunção natural, tendo como consequência uma extraordinária e mais poderosa explosão da sensualidade...

Como sendo o protagonista imaginário, que se traduz na fonte dos vocábulos erógenos, restaria a este, se ocorresse essa conexão, também na sua imaginação, somente o prazer de haver proporcionado o êxtase intenso e arrebatador, constante apenas da percepção intuitiva, pois o cenário permitiria somente a contemplação abstrata dos deleites do espírito e da razão, que se diluem e se incorporam na alquimia de uma osmose extasiante... Seria uma explosão nuclear, se a conexão fosse duplamente perceptível, e rigorosamente simultânea...

Trata-se apenas de uma intensa relação imaginária, que não gera conflitos, pois agentes ativo e passivo, não se conhecem e jamais se encontrarão. Porém, na sua solidão, somente o agente passivo conhece a origem da conjunção, mantendo-a submersa no recôndito das suas abstrações, como uma fantasia do amor intelectual, que se desvanece no insondável crepúsculo do anoitecer...

Com efeito, mesmo inconsciente da sua ativa participação imaginária, o agente pode saborear a literatura maravilhosa, que na prosa e nos versos, por terra, pelo mar e pelo espaço, permite as viagens dos seres humanos até às profundezas do Universo, desvendando os seus mistérios, como iguarias degustadas no delicioso banquete com os deuses do Olimpo... Tudo na imaginação, esse saboroso mel abstrato, que escorre lentamente pelas fantasias... Sem compromissos e tudo no mais absoluto sigilo. Que bom, e ainda bem, em todos os sentidos, pois na abstração, os conflitos, os sabores e dissabores, são íntimos...

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 07/09/2020
Código do texto: T7056905
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