(Com o perdão da falta de palavra)

(...)Bastaria que observassem do alto. Como agem harmonicamente. Tão certeiro. Simetrico. Mas entre os dois lados algo se perdeu. Algo que ficou bem ali no meio, tão estranhamente. Falta de um calço de um dos lados da estrutura. Como se o ser se dividisse em dois, o estético e o emocional, e um deles apenas estivesse desalinhado. Frio onde deveria estar calor. Como um dia de inverno em pleno Janeiro. Non-sense. Incrivel como incrivelmente compreende os pensamentos, as meias palavras antes do fim, o sorriso. Telepaticamente. Mas algo desequilibrou-se. Impedindo o lindo edifico na planta de erguer-se e o dia de verão de amanhecer.

(Ela avistou ao longe. Ele avistou ao longe. Como o prosseguimento do sonho da noite. Sorrisos em camera lenta, surrealistas.)

Voltando sempre ao mesmo ponto, a vela que não pára em pé. Quando já exaustos ainda uma vez. Sabes bem o que não deves. Não consegues. É necessário desempenhar o papel. Ainda assim não poderia converte-lo, sabes?

Ouve! Escuta! É musica de nossa frequencia, porque nos lembra algo. Posso ver por detras de seus olhos. Agora é tempo de dançar. Sempre é tempo de cantar. Essas palavras só deveriam ser ouvidas com musica, pra que soubessem a harmonia. Porque precisamos de leitmotive. Vou cantar os seus defeitos. Vou cantar aos meus defeitos. Mas sem perder o compasso. Jamais poderia aceitar. Falta-me a paciência, mas aos céus com a falta de. O leitmotive é o que move. Somos personagens dramáticas. Ah, não, falta-me paciência na superficie. Preciso apresentar-me ao mundo.

Alô, mundo! Agora sou dançarina diante de teus olhos. Vês como minhas pernas não me obedecem? Meia volta. Volver. Mas os braços são harmônicos prolongamentos do etéreo...Vês como meus olhos são escuros e como brilham? São belos. Quando olhas bem dentro deles tentando manter a pose, os teus se encontram meio fora da órbita, assim do meio pra cima, flutuando.

(Ainda hoje era ao longe uma miragem, mas miragem que também podia enxergar. Como num sonho)

Nem precisa ter conclusão já que não se fecha assim. Harmonicamente mais do que qualquer. Passo por passo desalinhado, porque ando mal das pernas. Mas meus braços são etéreos e enlaçam bem. Começa assim em desalinho, mas como ajeita! Num fluxo perfeito...Questão de alinhamento. A simetria. O segredo da harmonia. O estético. Tem cheiro de céu estrelado e inspira batimentos cardiacos acelerados. Tem cheiro de madrugada e inspira embriaguez gostosa, lenta, em ondas...como meus braços bailarinos. Como as pontas dos teus dedos talentosos. Como a ponta das minhas unhas que causam arrepios.

E nem direi mais nada. Vou escutar à musica. Os compassos estéticos e intensos. E a toda sua incapacidade, um ridiculo brinde!

Elle Henriques
Enviado por Elle Henriques em 23/10/2007
Reeditado em 23/10/2007
Código do texto: T705738