Inevitável Despedida

Cala-me o corpo dando voz ao que habita em mim,

Derrama-se em letras minha alma.

Completa não; só o que restou dela...

Outrora alegre e cheia de si,

Todavia hoje, partida em frangalhos...

Implorando o momento de em fim repousar,

Nos braços seus da morte; e no que habitam por lá.

Eu e ela agora somos cortejantes...

A morte encantadora almejando minha presença

E eu desesperado buscando tua face.

Face essa que a mesma ostenta de mim a alma.

Mostrando-me todos seus formosos atributos,

Ondulados cabelos castanhos, tua delicada pele sem definição.

Quando eu almejo minha eternidade ao seu lado.

Barganha essa que me persegue...

Desde que partiu,

Levando minha alma consigo...

Junto a felicidade que de mim sumiu.

Desejo em ti repousar eternamente...

Enquanto engano à todos com minha aceitação tão aparente.

Fazendo de mim seu eterno refém,

Eu planejando a partida...

Minto aos outros que fiz às pazes com a vida.

Indo me render aos seus sacrilégios.

Daquela que me repousa o espírito, meu eterno privilégio...

De revê-la num outro eterno plano.

Robou-me a sanidade,

As alegrias das incontáveis diversidades...

Possibilidades de primaveras com cor.

Levando consigo tudo que eu chamava de amor,

Furtou-me a gratidão a vida,

Quando firmado tua partida...

Sem contar com a dor que me restaria.

Vago hoje junto de seu imaginário espectro...

De seu reflexo, sem conexo com seu real.

Nenhum anjo da guarda, acredita em meu antigo ideal,

De uma vida corriqueiramente sem cor,

Sem esperança; sem teu glorioso amor.

Restou-me apenas a esperança...

De vegar buscando com você eternamente repousar.

Sinto que aos poucos me rendo à ti,

Esquecendo ás promessas que a mim mesmo fiz,

Decidido para todo o sempre te esquecer.

Quando aceito que na realidade sem ti...

Nunca imaginaria viver.

Espero no mínimo que me espere...

Enquanto a vida de meu corpo vou me desfazendo,

Com a forca no galho da divina planta.

Se nessa vida não fui capaz de provar,

Espero na próxima poder lhe compensar...

Todo meu amor a prova é a mais doce virtude.

De alguém que verdadeiramente lhe almeja e não te iludes.

Não importando dos prazeres que poderia experimentar...

Se para mim sei que a morte está a minha espera.

Peço que espere minha dolorosa partida...

Já que não pude mais te amar em vida,

Na morte sei que viverei teu eterno amor...

Sem nenhum pavor, sem ao menos alguma dor.

Logo me renderei a ti,

Com meus amores e eterna paixão.

Largando com fé toda minha possível vida,

Enganando ao mundo é a todos...

Que inevitável é minha despedida.

Pedro P Miranda
Enviado por Pedro P Miranda em 24/09/2020
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