Infinita tristeza
Queria apenas a eternidade
asas sem cera nem idade
a bravura de um gavião
contento-me com o nada e sem satisfação
Infinita tristeza da manhã perdida
dos desenganos e torpores malignos
olhares vazios em rios secos de vontade
Encosto-me sim, mas a quê?
Porquê entrar assim dentro de ti
em cruzadas de silêncio pouco inocente
emprestar algum refúgio lúgubre
aninhar os sentidos envelhecidos
no cansaço sem abraço ou demonização
Queria apenas a vontade de saber
que fazes a caminhada da vida
sem te perderes em despedidas do reino de Hades
aprofundando as feridas num buraco de coerência enegrecida entusiasmo sem pleonasmo ou pintura aguerrida
importa-me apenas a vida
que percas essa canção sem razão de tormentos e insatisfações
de viagens ao desespero imponentes de vazio
credo e empatia dos amantes.
Queria apenas a alegria
mesmo encurtando os versos
os acessos de cólera
as vontades enganadoras
no comodismo da quadra reparadora
Queria como ainda quero a paz e o amor a que tenho direito
o entusiasmo dos apaixonados perdidos num novo encanto
e portanto estou triste
em sangue e com a espada em riste!