Infinita tristeza

Queria apenas a eternidade

asas sem cera nem idade

a bravura de um gavião

contento-me com o nada e sem satisfação

Infinita tristeza da manhã perdida

dos desenganos e torpores malignos

olhares vazios em rios secos de vontade

Encosto-me sim, mas a quê?

Porquê entrar assim dentro de ti

em cruzadas de silêncio pouco inocente

emprestar algum refúgio lúgubre

aninhar os sentidos envelhecidos

no cansaço sem abraço ou demonização

Queria apenas a vontade de saber

que fazes a caminhada da vida

sem te perderes em despedidas do reino de Hades

aprofundando as feridas num buraco de coerência enegrecida entusiasmo sem pleonasmo ou pintura aguerrida

importa-me apenas a vida

que percas essa canção sem razão de tormentos e insatisfações

de viagens ao desespero imponentes de vazio

credo e empatia dos amantes.

Queria apenas a alegria

mesmo encurtando os versos

os acessos de cólera

as vontades enganadoras

no comodismo da quadra reparadora

Queria como ainda quero a paz e o amor a que tenho direito

o entusiasmo dos apaixonados perdidos num novo encanto

e portanto estou triste

em sangue e com a espada em riste!

Manuel Marques
Enviado por Manuel Marques em 26/09/2020
Código do texto: T7072942
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