Pipoca aos pombos

E eu que envelheci e sequer me dei ao prazer de mansamente dar pipoca aos pombos.Apenas tentei até ontem, manter a juventude como areia em minhas mãos sovinas, e ela atrevida saiu pelas frestas dos meus dedos, mas jamais saiu de minha alma, pois não consigo pensar somente no que fui, e se fui é porque sou, e se sou, tenho a juventude que me permite a alma.Hoje nesta quarta de chuva em Sampa, tentando viver meus sonhos inacabados não acharei um pombo solitário em minha cidade, mas amanhã, caso mude o tempo, estarei dando pipocas aos pombos, mesmo sabendo que não devo, mato a vontade, e quem sabe encontre um deles peregrino correio, que leve a você que se deu ao trabalho de ler este texto o carinho do meu abraço e traga de volta a luz do seu sorriso.

Carlos Said

Um dia em São Paulo

Por traz dos meus olhos

Recanto das letras

Carlos Said
Enviado por Carlos Said em 24/10/2007
Reeditado em 29/04/2017
Código do texto: T707738
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