As coisas que comemos
E407 e E222 com E111 e ainda E333.
E por acaso tem E112? Se não tem como me garante
a consistência e a falta de E007
como o agente em dose aflitiva
de ácido ascórbico, cuidado com a língua
malagueta trincada sem E069
picante sem tesão e o E001
original mas sem pecado apesar do ardor
e o E qualquer coisa, muitos E
como se o fabricante sorrisse
o comerciante pulasse
e o governante festejasse
uma risota pegada na estrada
e até detergente
ou dentes de rato
no prato luzidio
numa tasca do Rossio
até podia ser em Portalegre
com um tinto amantizado
com E à porta, cortiça da melhor
imposto ainda mais composto
E111 com E555 au piri-piri
e um tinto de Pegões
agora que lá querem por os aviões
e o CO2 no deserto
onde vivem os beduínos
os camelos e os tornozelos
as partes baixas das costas
com tatuagens a condizer
enquanto mais abaixo
os comemos com vista para
o desenho que será histórico
o gemido que será entumecido
e os E que saem pelos poros
e como sairá a descendência
E=MC2? Tudo se torna relativo
e a culpa do que comemos
começou no Einstein, basta ver o E da teoria!