As coisas que comemos

E407 e E222 com E111 e ainda E333.

E por acaso tem E112? Se não tem como me garante

a consistência e a falta de E007

como o agente em dose aflitiva

de ácido ascórbico, cuidado com a língua

malagueta trincada sem E069

picante sem tesão e o E001

original mas sem pecado apesar do ardor

e o E qualquer coisa, muitos E

como se o fabricante sorrisse

o comerciante pulasse

e o governante festejasse

uma risota pegada na estrada

e até detergente

ou dentes de rato

no prato luzidio

numa tasca do Rossio

até podia ser em Portalegre

com um tinto amantizado

com E à porta, cortiça da melhor

imposto ainda mais composto

E111 com E555 au piri-piri

e um tinto de Pegões

agora que lá querem por os aviões

e o CO2 no deserto

onde vivem os beduínos

os camelos e os tornozelos

as partes baixas das costas

com tatuagens a condizer

enquanto mais abaixo

os comemos com vista para

o desenho que será histórico

o gemido que será entumecido

e os E que saem pelos poros

e como sairá a descendência

E=MC2? Tudo se torna relativo

e a culpa do que comemos

começou no Einstein, basta ver o E da teoria!

Manuel Marques
Enviado por Manuel Marques em 03/10/2020
Código do texto: T7078693
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