Café da manhã
A madrugada, ela é difícil.
É no silêncio que a dor se faz
sonora.
As engrenagens do desgosto rangem como um velho maquinário.
E na cama, no corpo, no armário,
cato meus cacos do que sua ausência criou.
Empilho-me, varro-me,
quebra-cabeceio-me, em vão me remonto,
pois a liga, o rejunte, a argamassa que me fazia um, contigo,
hoje cola os selos das cartas que não
envio,
dos versos que em mim
escondo,
dos verbos que eu
desconjugo,
do amor que em mim,
implodo.