Café da manhã

A madrugada, ela é difícil.

É no silêncio que a dor se faz

sonora.

As engrenagens do desgosto rangem como um velho maquinário.

E na cama, no corpo, no armário,

cato meus cacos do que sua ausência criou.

Empilho-me, varro-me,

quebra-cabeceio-me, em vão me remonto,

pois a liga, o rejunte, a argamassa que me fazia um, contigo,

hoje cola os selos das cartas que não

envio,

dos versos que em mim

escondo,

dos verbos que eu

desconjugo,

do amor que em mim,

implodo.

Gustavo Alvaro
Enviado por Gustavo Alvaro em 03/10/2020
Código do texto: T7078960
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.