Abertamente
Se quer que lhe diga é-me indiferente
a inveja, o despudor, o odor e os problemas de amor
mais sincero não consigo ser
e a vida acontece sem eu querer saber?
Deixe-se dessas coisas sem conteúdo
erros de sintaxe, bruxarias no fim do ano
algo que apenas me faça querer esquecê-lo
mais o cabelo aos montes nas fronteiras
do ridículo e um acanhado princípio
de formas e idiossincrasias finitas
bem sobre o conceito de aprendizagem
numa rua estreita sem maleita
ou desejo num desfile do realejo
apenas mirar o Barreiro
sem querer ir a Lisboa assim à toa
sem barco, nem carro, apenas montado numa anémona.
Repito-lhe é-me indiferente
mesmo que no raio do Cacilheiro
se dispam e tentem fazer vibrar pelo raio do despudor
mesmo que não esteja calor e o odor de estarrecer
seja o infinito personificado num Deus que traz amor.
A viagem quase que desencanta
e depois vê-se o rio em profundo desatino
num violento desejo de variedade
em prol da inerte mocidade, das drogas e da vaidade.
Afirmo-me como o que vejo, no firmamento
das estrelas que anunciam um regresso desejado.
Queria tanto ignorar as profundas apetências
do desejo carnal em qualquer dia menos no Carnaval
que me dispo dos banais preconceitos
arriscando a tortura e o colete de forças´
o vil pecado de me deixar cair sem olhar
ao corpo repleto de amor para dar
e depois arrepender as vezes do saber
abertamente e sem sequer um copo beber
para te esquecer e o mundo assim florescer!
28-05-2008 Tortosa, Catalunha, Espanha