Sem máscaras

Eu quis me esquivar da poesia; o momento nem tá pra isso; há um dilúvio de coisas ruins. A terra pega fogo, o ar nos infecciona, a água chora suas minguadas lágrimas e o ser humano talvez esteja em seu estado pedra.

Fiz uma reserva num cantinho do jardim

e lá fui descoberta por um João-de-barro.

Enquanto regava o bem-me-quer perto do portão ele recolhia material para sua construção.

Então percebi que a poesia me persegue e o João-de-barro não parou na quarentena.

Últimos retoques no telhado.

Uberlândia MG

Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 09/10/2020
Código do texto: T7083747
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