Você é
Você é um lar mediante todas as circunstâncias.
Tuas dimensões exuberantes de familiaridades e fragmentos dispersos em maneiras simples de me confortar em brando silêncio e nuances que criam uma inércia particular aos meus dias nefastos.
Enquanto o fulgor de tardes banhadas em disposições escarlates projeta sua limerência em abstratos meios de me fazer sentir o afeto que teu toque comunica em sigilosa delicadeza como se minha pele fosse a mais preciosa fragilidade que tuas mãos mantêm em vigiada proteção.
Com vislumbres para o céu em seu interior de janelas abertas; inserimo-nos na espontaneidade da inspiração que estes singelos atos são capazes de semear na mente algo especial, algo tão distinto e descomunal das outras formas de descrever tua essência em prosas dedicadas a cada aspecto tingido sobre tua imagem peculiar.
Você é um espaço entre momentos de turbulência.
Assim como um vasto campo aberto de gramínea crescida, clima agradável intercalado numa sutil manhã de primavera; você faz-me correr selvagemente, sem hesitações e receios de tropeçar em elevações inusitadas. Você incita meu desejo de testar minha liberdade como se testa gravidade; em meio ao perigo e numa linha tênue entre a vida e a morte, apenas para provar algo, apenas para exercer função de minha irremediável teimosia.
Poderíamos deitar nossos corpos desgastados debaixo de um carvalho; sentir as sombras aliviarem o calor acumulado em nossa matéria e ouvir melodias ecoadas de uma natureza transitar seus ciclos em metáforas do que fomos, somos e seremos. Com pardais tecendo nosso senso tórpido a cair num sono de sonhos compartilhados.
Você é um refúgio de empatia e solidariedade.
Você me carregou em teus braços perante uma odisseia a qual não fui capaz de permanecer em pé sob minhas próprias condições. Como uma brisa outonal levando velhas folhas até um destino ambíguo, você me acompanhou através dos medos e irresoluções sempre presentes em minha percepção de indefesa inocência.
Fui eu ingrato, envergonhado e culpado de extrair de ti o mel alimentado à beatitude de minha ignorância. Doce e efêmero, o açúcar ainda presente em migalhas e vestígios de sabor ainda evocando estímulos clandestinos no paladar. É uma fome nunca mais satisfeita, desejo incandescente e estrelas de alegria murcha.
Você foi um universo de infinitos nunca explorados.