Gari

O gari catava

O cata-vento do guri

O momento em que o colibri

Pairava no ar, querendo beijar

O guri catava

Velhos sonetos gazetas

Que fugiam das gavetas

Para contar segredos

Ele catava as pipas que não voaram

O ponto futuro de um olhar

As espiadas de soslaio

De quem armava tocaia

Para invadir santuários

Ele sabia, de sobejo

Que todos os seus desejos

Estavam negligentes espalhados

Esperando por ser catado

Por um gari não descuidado

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 13/11/2020
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