O labirinto de Maria

Rogando ao outro

que faça parar,

as escavações

e túneis

não cessam.

Cabelos longos,

milhares de fios escuros,

encaracolados,

bordam o delírio.

Ombros pontiagudos,

postura em lâmina,

rosto-nada,

martela o piso

em curto-circuito.

Pele pálida,

se descama,

inflamável.

A noite questiona -

“o que existe no breu do teto?”

Doença que reluz,

igual trincheira

e suas fagulhas de morte.

A máquina celibatária

em combustão,

encara,

o precipício das luzes.

Paredes brancas

refletem borrões coloridos

do televisor sem expectativa.

Fósforo empunhado,

embaixo dos degraus,

uma vela

tremeluz no vazio do espelho.

Ela adora algo,

feito de ossos,

composto,

no silêncio ritual.

O raiar alardeou,

ao som de celulares,

a decomposição da madrugada.

No horizonte,

um novo amanhã,

claro,

eclodiu o labirinto.

Através do sono

dela,

que estava à contragosto,

longe do sonho,

acordada,

mas na inocência

de quem está dormindo.

Daniel César - Natal, 25/11/2020.

D César
Enviado por D César em 26/11/2020
Reeditado em 27/02/2021
Código do texto: T7121018
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