As viagens de um sonhador

Ninguém viaja mais que o sonhador!

No seu coração está arraigado a incansável a vontade de viver,

De conhecer o mundo e suas maravilhas, mesmo que de forma quimérica.

E entre idas e vindas, sem ao menos se mover

Começa a esmiuçar, num constantes pensar,

À procura de algo que nem ele sabe ao certo.

Cismarento! Contemplativo!

Viaja pelos tempos numa velocidade inimaginável.

Visita o passado que não viu

Imagina o futuro que não verá.

Em terras estranhas é visto como embaixador, as vezes.

És ainda o forasteiro, que com pés ligeiros

Não ousa o mal esperar.

É extraordinária sua capacidade de perscrutar o âmago.

E no próprio sonho, construir roteiros,

Criar imagens e idealizar situações inimagináveis.

Visualizar pessoas que jamais viu e com elas se relacionar.

Se deseja um banho – eis que surge o mar.

Se sol é escaldante – a nuvem logo surgirá.

Alis volat propriis – o Sonhador

E em sua jornada imaginária,

Se hospeda nas estações.

Na primavera – planta um girassol

No inverno – dispensa o lençol, quer um cobertor.

E se no outono nada mudar e a tristeza o abater,

Como uma flecha, o verão chega sem o tempo correr.

E a peregrinação continua, diuturnamente...

Basta fechar os olhos e desligar-se racionalmente

Eis que surge após o sono, a enigmática e incompreensível viagem.

Variavelmente se inicia o espetáculo mental

E surge um filme no cinema do insondável.

Na cena de ação - o sonhador - corre e não consegue se mover

Inesperadamente se vê voando sem ter asas.

Vence gigantes... corre triunfante.

Há também aquele sonho de terror, que de tanto horror recobra a razão.

Ofegante! Tenta se restabelecer e se convencer da ilusão.

Tira-se o filme de cartaz!

Volta para a viagem...

Voa por entre estrelas, conhece novos sóis e novas luas.

Sem foguetes e equipamentos

Ela dura só alguns momentos

Desce ao fundo do mar...

Vai ao cume dos montes...

Contempla no horizonte um pássaro o céu explorar.

Acorda de sonhos que não queria acordar.

E, quando acorda, busca racionalmente entender

O que a mente brilhante e de forma simbólica construiu.

Mas rotineiramente a jornada é apagada da mente..

Faltam inúmeras peças para completar o quebra-cabeça.

Mas que em sua cabeça ficam guardadas para outras viagens.

E quantas viagens fará o sonhador?

Enquanto houver oportunidades para sonhar...

As viagens irão continuar

Porque, repise-se: ninguém viaja mais que um sonhador!

Por Ezequias Vitorino, numa madrugada agradável de dezembro de 2020.

Ezequias Vitorino
Enviado por Ezequias Vitorino em 17/12/2020
Reeditado em 20/09/2022
Código do texto: T7137941
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.