O errante

Carrego em mim uma culpa eterna;
Vivo num universo fechado
Entre a moral e amoralidade;
Vivo numa angústia agonizante;
Me sinto abandonado, tal como Jesus
Me pergunto “Eli, Eli, laba sabactani”?
Sou como um carneiro oferecido em holocausto;
Me sinto culpado e me resigno;
Acordo e com asco de mim mesmo;
Encalacrado fico, como Kafka em seu dilemas indecifráveis.
A minha queda é a minha falta;
Sinto todas as dores do mundo, mas não me perdou,
Minha ancestralidade não é comprovada é sentida;
Não sou circuncidado;
Mas carrego comigo uma tristeza fundamental;
Raramente acho graça de algo, sou taciturno e desconfiado;
Receio o semelhante; Mas ao meso tempo que amo-o;
Me sinto um eterno estranho, seja em casa, na rua, ou em qualquer lugar que passo;
Sou um ser universal, pois estou sempre a pensar na aldeia, província, cidade, capital, país,  mundo;
Nos buracos negros que sugam matérias;
Na solidão diante de um universo indecifrável;
A terra dos meus ancestrais me é estranha, lá nunca pisei,
Nem tão pouco tenho vontade de ir;
Já estou a meio caminho andado;
Não me restam mais ilusões me conheço o suficiente;
Sou um ser errante em busca de si;

 
Labareda
Enviado por Labareda em 29/10/2007
Reeditado em 21/12/2014
Código do texto: T714249
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.