A cria

Qual é a face da abominação

Sabe-se dela que, desde o ventre

Seus chutes

Haverão de ser ritmados

Pois o som a gerou

A abominação é cria da noite

Embalada até a alvorada

Seu choro sustenido

Acalentado nos seios de Sucubus

A abominação é do samba

Vem ao mundo solfejando bossas

Derrubando versos no engatinhar

O pai repreende os movimentos

D’Abominação em sua mãe

“Chutar não, que nasceste música “

Abominação é cria boêmia

Que anda descalça no compasso

Passeia nos choros das esquinas

Emaranha pipa em partituras

Abominação de pai anjo

E mãe Sucubus

Desfila cachos louros impertinentes

Não pertencendo a estes viventes

Abominação entretida em Leminskis

Assobia Pizzarellis

Entre mamadas em fontes Platônicas

Até que o pai grita de lá

“Um tom acima!”

Aline Fernanda
Enviado por Aline Fernanda em 18/01/2021
Reeditado em 23/07/2021
Código do texto: T7163015
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.