De vez em quando paro um pouco, em mim, para pensar o ritmo da vida, então, recosto-me na poltrona do tempo e deixo a cabeça cair nas almofadas das lembranças. Por vezes, sinto os olhos marejarem, é quando eles querem enxaguar as tristezas que chegam sem pedir licença e saem sem despedidas, assim como as janelas que batem com o vento das tempestades. Enxugo os pingos que teimam em rolar pelo meu rosto e digo, para mim mesma, que são águas passadas. Continuo viajando pelas estradas de chão batido, com meus pés calçados em alpargatas que deixam rastros e levantam a poeira das saudades, muitas, dos lugares distantes que nasci e cresci; continuo vendo as esparsas chuvas, através de todos esses anos, e vejo também que esquecerem de regarem a terra para a produção de alimentos, deixando uma paisagem cinzenta, animais sofridos, pássaros sem lugar seguro para construir seus ninhos, açudes secos. Nessas horas, vejo pelas frestas do telhado da minha mente, uma gente com expressão de cansaço, mas, no olhar, a esperança. E é ela que me levanta e me diz para bater a poeira dos pensamentos e continuar ouvindo as mensagens que se aprende com o tempo, faça chuva ou faça sol.
Iêda Chaves Freitas
26.01.2021.
Iêda Chaves Freitas
26.01.2021.