Faço da dor...poesia

As lutas, frustrações

Que fazem pesado meus dias

Que aprisionam meus sonhos de menina

Que em meio labuta, calam minha voz

Dissipam-se quando min'alma cansada rende-se a poesia

O pensamento voa livre, sem o desencanto, sem a densa névoa da tristeza,

Sem as tempestades, asperezas

Sem o barulho que consome os dias

Posso seguir novos horizontes nas asas da poesia.

No meu contraditório mundo, abstenho-me da realidade mórbida

Faço-me louca, crio mil realidades que se rendem à minhas vontades.

Desfaço-me em utopias, abuso em altas doses dos meus lugares, cheiros, sabores

Rendo-me a toda minha intensidade

Afasto pra longe minha realidade.

Rabisco a página da alma, faço desfaço, rasgo-me, grito alto, sem filtros, sem a feiura do mundo que caminha para o abismo.

Eu escolho caminhar de mãos dadas as minhas torpezas desenfreadas,

Extrair da dor, do descontentamento

A beleza que habita nos versos

Fazer da loucura, das agruras, das feridas,

O rascunho que compõe a mais perfeita poesia.

Refaço o caminho se assim for preciso,

Pisarei em meus espinhos, sangrarei em meio as dores

Se através dos versos que dedico poder contemplar a beleza flores.

Em meio ao torpor dos meus silêncios,

Que tentam tirar-me o chão, nas entrelinhas onde escondem-se perdas, derrotas, a secura causada pelos nãos,

Sou a fonte inesgotável de inspiração.

Das profundezas do meu ser, evoco a luz que na escuridão guiar-me ao infinito

De sonhar, acreditar que é possivel

Sorrir, depois de chorar

As mazelas da vida nunca irão minhas asas cortar.