NA VIDA TUDO É MUTÁVEL

Tudo na vida é mutável
Mudanças.

Simples, complexas ou as duas coisas juntas, onde
nossos olhos alcançam, vemos mudanças. Seja na semente
lançada à terra e germinada, na vila onde moro, na rua que
pouco a pouco se transforma numa cidade ou na ilha que se
cansa da solidão e, devagarinho, vai se encostando em outras
ilhas até transformar-se num arquipélago.
Só que a vaidade, às vezes, nos trava com amarras
invisíveis, e nem passa por nossas cabeças que o tempo não
para. As estações mudam, a criança cresce e se transforma
em adulto, nós envelhecemos e logo vemos nossos jovens
nos dando lições de como encarar a tecnologia, lidar com
aparelhos. Momento em que eles sabem mais que nós e nos
pegam pelas mãos. As sementes atiradas à terra se fazem
grãos que abastecem nossas mesas. As mães se incorporam
águias que existem em seu interior. É hora de ensinar o filho
a voar. Elas substituem o penhasco por palavras, e as mais
sábias suavizam o empurrão porque elas querem que seus
filhos enfrentem o mundo, mas não afastem de seus corações. Corações que estarão sempre perto deles, aonde quer
que eles vão.
Pouco a pouco, como os móveis da casa, tudo vai
mudando de lugar, é uma roda-gigante alegre e perigosa.
Perdas e ganhos vão se alternando. Um ente querido que
morre, um grande amor que se vai, um filho que alça seu
próprio voo, buscando seus próprios sonhos.
Um ano que termina, outro que se inicia. Sentimentos
mudam; intenções, idem. O sucesso vem e vai. Problemas
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também. A perda do sucesso nos entristece, quando surgem
problemas nos sentimos impotentes. Logo chega a senhora
alegria em coisas simples, como um abraço de um ente
querido.
Outro dia vi o currículo Lattes da minha amiga, verdadeira comadre e irmã que a vida me deu. Surpreendi-me com tudo que ela viveu no tempo em que estivemos separadas.
Éramos fênix renascidas de uma amizade abençoada.
Não se engane, amigos também mudam, e mudam tanto que deixam de ser amigos.
Foi um lindo reencontro. Assim, a distância, mas foi um encontro de verdade. Mudança! Eis aí nosso alerta constante, nosso bip inconsciente a dizer:
— Viva o momento, ame, sinta, chore, mude. Que seja
para o melhor.
Nada acontece por acaso, a vida é cíclica. Ninguém
passa pelas nossas vidas sem deixar um pouco de si ou levar
um pouco de nós. A frase não é minha, apenas me aproprio
dela neste momento.
Ah! Se a vida é mutável, mudemos para melhor. Abrace
o agora, principalmente, ame-se porque, se não tem amor-
-próprio, como poderá amar o próximo? Neste momento
em que a guerra nos sonda uma vez mais, que tal mudarmos
para cultivar a paz dos dois lados?
Falando em mudança, tantas coisas mudaram, tantas
transformações aconteceram, tantos benefícios, sucessos
e glórias o homem alcançou, mas algo nele permaneceu
primitivo.
A humanização está dosada em gotas mínimas aos
homens.
Abra-se para o novo!