Tempo no tempo

Sinto o peito apertar

Em colapso estou a sufocar

Sem ar, vejo tudo ao redor girar

Essas insurgências

Tantas urgências que a vida impõe

Ignorando limites

Achando eu ser uma espécie de heroína

Digo a mim mesma

Vá, não se acovarde, corra com a vida

Seja forte

Seja destemida

Nao se de por vencida!

E nessa luta desleal do meu ser contra o tempo, sinto a alma esmorecer

Sinto-me diminuir

Cair num abismo sem fim

Que é tentar segurar o mundo em minhas frágeis mãos

Quanta ilusão!

Esta minha intensidade desmedida

Fazendo com que sinta o caos acontecendo dentro do meu pobre coração.

Tento enaltecer meu caminhar, na cabeça cada vez menos espaços pra sonhar

Em ritmo acelerado, vejo um espetáculo de horrores passar diante dos meus olhos, sem nada poder fazer, sem conseguir suportar, sem sequer ganhar tempo

O peso das exigências que se escondem sob o véu de aparências, que fazem-me acreditar que sou indestrutível, insubstituível, tendo os anseios desenfreados como combustível.

Sinto o gosto amargo como fel, absorta, inerte, ao léu

Sem conseguir vencer o tempo, olhos marejados de lágrimas, quase sem esperanças de chegar nem sei onde...

No findar de mais um dia, no crepúsculo a despontar diante das minhas mãos vazias

Vejo que é só mais um dia, com sua forma astuta em mostrar não há como driblar minhas angustias, fingir-me ser além de um alguém que não pode vencer todos os dias...recolho-me as minhas angústias

Que não posso correr contra um ser tão maior que eu...o tempo.

Cabe a tudo e a minha alma o seu próprio tempo.