Como ser trouxa
A porta dizia -Empurre.
Uma frase curtíssima, 3 silábas não poéticas e um vocábulo só.
Meu cérebro quase poliglota leu -Push.
Outra senteça pequena, uma sílaba despoética, e mais uma palavra solitária.
Lembrei da confusão com o português.
Push parece puxe.
Um cognato, falso. Malandro como todos eles.
Minha mente reforçou aos meus braços que a ideia ali era o ato de empurrar.
Empurrei...
E nada!
Mais uma vez...
Não foi!
Meu olhar buscou socorro no funcionário dentro da loja.
O tecido no seu rosto impossibilitou qualquer comunicação oral-auditiva.
Lembrei que preciso estudar mais LIBRAS e mudar o canal de comunicação.
Mas, a janela da alma do funcionário
me dizia que estava tudo bem.
As janelas eram quase gargalhadas.
Apelei para força,
algo pré-histórico,
uma coisa natural.
Abri a porta.
Agradeci ao funcionário com olhar que ri de mim.
Pensei na quadragésima aula do curso que vou montar "Como ser trouxa".
N.V - 02/2021