Ao som das águas nas corredeiras, escuto o silêncio das palavras não ditas, aquelas que calaram minha voz quando eu queria tê-las gritado aos quatro cantos. Ao som das águas que caem das cachoeiras sinto os respingos que molham os desejos ainda não saciados. Ao som das águas que caem da chuva, molho os pensamentos que jorram nas biqueiras da minha imaginação. É ao som das águas que me escuto e permito banhar-me de lembranças daquilo que mergulhei com a intensidade das ondas do mar, por vezes afoita, noutras mais suaves com o cuidado para não me afogar em mágoas e ressentimentos. Ao som das águas, banho-me nessas águas com amor e ternura. Mesmo não tendo aprendido a nadar, aprendi a velejar os sonhos, tendo os ventos do destino a meu favor.
*Iêda Chaves Freitas*
09.02.2021
*Iêda Chaves Freitas*
09.02.2021