O bem e o mal: duas faces de uma mesma moeda

Quando criança eu acreditava que existia o bem e o mal. E que você tinha que escolher entre o certo e o errado. Na verdade eu tinha a convicção de que não tinha outra coisa a fazer senão o certo. E que Deus estava conosco, os que faziam as boas escolhas.

Mas logo, tropeçando, eu entendi que entre os dois externos existem uma infinidade de possibilidades. E que na vida, a cada dia, e que em alguns dias, a cada instante, você precisa escolher por qual caminho seguir. Cada porta que você abre te leva a algum lugar que será agradável ou nem tanto. Mas que que terá ainda muitas outras portas, onde sempre, inevitavelmente, você precisará escolher.

Não tem como parar. Até quando cansamos e perdemos a razão querendo fugir da dor, que muitas vezes é extremamente dolorosa, e optamos em sair da vida pela porta do suicídio, essa porta também vai dar em algum lugar. Não nos compete, naturalmente, julgar a quem quer que seja. Pois aquele que escolheu essa porta poderia ser um de nós.

E podemos escolher entre andar em círculos ou evoluir. Entre aprisionar ou amar. Entre rótulos e conteúdo. Entre aparência ou essência. Podemos escolher entre a arrogância que nos limita, pela ilusão do tudo saber ou da maravilhosa sensação de aprender sempre. De nos permitir o direito de mudar de opinião. De procurar através disso ver o sentido das coisas aparentemente mais escabrosas. Enfim, podemos escolher entre julgar ou procurar entender.

Quando eu caí eu me libertei da pretensão de que Deus fosse como eu. E enxerguei que Ele não estava apenas ao lado de quem faz boas escolhas, e quem nem mesmo estava ao lado. E que, principalmente, não havia lados como numa guerra. Entendi que tudo estava Nele. E que dessa forma Ele tudo sabe, sem que nós saibamos coisa alguma na magnífica obra Dele que chamamos de vida.

O nosso papel é não apenas escolher, mas nos aprimorar nessa arte de fazer coisas boas através de escolhas nem sempre boas. Escolher e suportar as consequências, portanto. Para aprender a ser uma alma melhor para outras almas. Para nos sentirmos bem por fazer não o certo, aquele que segrega, mas o bem. Embora acertar deva ser ser a meta, sem que com isso nos achemos os donos da verdade.

Dessa forma poderemos escolher entre sermos deuses ou meros mortais. Entre saber ou fazer. Entre amontoar ou espalhar felicidade. Entre escolher lados ou estarmos nos corações de cada um. Silenciosamente, aprendendo com o Criador, silenciosamente despertando o melhor sem impor.