Eu, só

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Batizou-me Solidão

Aquela que ao silenciar de tudo e todos

fala, grita, urra

O silêncio que preserva com tanto zelo

valioso é

Tal tesouro assemelhou a mim

De tudo que sou

me resumiu:

Espírito dum riacho

preso ao serpentear dentre a floresta

calmo e sutil

minha sonoridade de águas cristalinas à vazar sobre o solo

folhas, raízes, pedras

Quietude

tão silenciosa

tal silencio cuja a solidão é a única a proporcionar

Fez-me companhia

porém sou solidão

Fez de mim controvérsia

dilema

Porém preciosa

tamanha raridade que me engrandeço e sorrio

Desde a nascente

até o encontro

onde me perco

pois sou

solidão

Sabrina

espírito dum riacho

presa ao próprio serpentear

Infinito surgir

Para sempre se acabar, sumir

deixar de existir.