Por teus olhos castanhos

O dia está seco

O Sol quase mata quem atravessa o leito do que antes fora um rio.

(Caminha-se por toda a extensão rachada e marrom-acinzentada do que antes era um límpido afluente azul).

Os transeuntes apressam o passo.

Param debaixo dos Umbuzeiros como se quisessem retomar as forças para persistir na caminhada.

Recorrem às sombrinhas.

Algumas senhoras abanam as saias, na esperança que algum vento atrevido diminua-lhes o calor.

E necessitam. O calor está de matar lá fora.

Eu aqui vejo tudo pela janela, debruçada sobre uma brisa que vem não sei de onde.

Porém, se teus olhos castanhos me fitassem e me pedissem para ficar alheio a tudo e te admirar na calçada

Eu ficaria sob o Sol a pino

E teria frio hoje.

(Jessiely)