Frio

Frio ingrato que não me deixas, com esse teu encanto branco e brilho de diamantes, deixa de acariciar o meu pobre corpo. Venha um raio de sol para me aquecer.

Sempre que ao acordar espreito pela janela lá estás tu, branco e frio, cobrindo tudo à minha volta. Nada é mais desagradável do que iniciar o dia tiritando de frio, confesso que até os dentes estão sofrendo com tanta agitação.

Frio amigo incansável que não sabes ver quando és inconveniente, que me entras em casa sem ser convidado, que te infiltras pelo dia fora, e que no final sempre te acolho com um sorriso. Sim, quando me vens salvar do calor intenso do verão.

O verão já vai distante e tu resolves-te montar arraiais junto a mim. Por favor, tira umas férias e volta lá para março ou abril quando o calor me vier visitar. Sei que juntos serão a minha melhor companhia e, acredita, vou adorar a tua companhia.

Sei que me adoraras mas por favor chega de abraços. Estou a congelar pouco a pouco, a cada carinho teu a minha temperatura baixa. A continuares, em breve serei um simples boneco de neve plantado no meio do meu quintal.

Querido frio confesso que a nossa relação está por um pequeno fio de gelo que ameaça quebrar ao mais pequeno toque. Todas as estalactites com que me tens presenteado ameaçam ruir sobre a minha cabeça.

Não me causes mais danos por favor.

Frio meu, prometo que no verão te voltarei a acolher de braços abertos.

Fortunata Fialho
Enviado por Fortunata Fialho em 16/03/2021
Código do texto: T7208533
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