Criança poema.

Criança poema.

Um choro, ténue e desesperado, soa num quarto qualquer. Poema de vida em construção. Um abrir de olhos que apreende um mundo novo cheio de luz.

Chora pela perda da segurança do ventre de sua mãe e, quem sabe se da dor sentida durante o seu nascimento.

Num mundo desconhecido, inicia o seu percurso. Só... não, com a ajuda dos que o amam, escolhe o seu caminho. Nascer foi o início de uma, esperemos, longa caminhada.

Pode haver poema mais belo que o riso de uma criança? Cristalino, puro, inocente, contagia todos ao seu redor. Quem nunca riu ao escutar o riso solto de uma criança? Eu nunca resisto a fazer-lhe coro. Remédio infalível que cura toda a tristeza, bálsamo que torna a vida bem mais suave e feliz.

Envolta em sonhos onde imperam príncipes e princesas, cavalos brancos, seres mágicos… desenvolve-se. Dona de poderes imensos voa como um pássaro, nada com as sereias e corre como o vento. No seu mundo o bem vence sempre o mal, os bons são fortes e invencíveis e os maus caiem como folhas secas ao sabor do vento.

Neste mundo mágico de histórias de encantar, cresce… escrevendo múltiplas linhas, doces e puras, no livro em branco da sua vida.

Como eu recordo o início de vida os meus dois poemas, dos seus olhinhos brilhantes, das suas perguntas ingénuas… e até das suas maldades sem malícia. Crianças poema nascidas do amor que cresceram a escutar histórias e acreditando serem reais.

Deambulo pelos caminhos e cruzo-me com tantos poemas em construção. Pelo ar ecoam gargalhadas e correrias sem fim. Lutas fingidas e ternuras imensas. Livros em branco com poucas páginas preenchidas, crianças poema em início de vida.

Fortunata Fialho
Enviado por Fortunata Fialho em 24/03/2021
Código do texto: T7215051
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