QUANDO ABRIL VIER




Quando abril vier , embrulhado em neblina, quero cerzir com meus passos a organsa de seus caminhos até que o sol desnude-o dos agasalhos de brumas e lhe vista de azul intenso.
Então, de braços abertos, louvarei todas as marcelas do campo, o silêncio moreno dos barrancos onde o tico tico faz seu ninho e a paz das montanhas desbotadas de distâncias.
Degustarei alguma fruta temporã contemplando o rastro das revoadas itinerantes e sentirei na leveza de sua aragem fresca, quase fria, o sussurro de uma conhecida mensagem:
- Amigo... Cheguei !
Um abraço de céu selará o reencontro, e fingiremos não perceber as dores do mundo.
Uma rosa - de abril - haverá de vazar por entre os gradis, instigando pureza e ternura ao coração daqueles que ainda preservam olhos de ver.
Desajeitado com este que sou, tentarei uma vez mais forçar a
barra do "menino passarinho com vontade de voar" que ainda me habita.
Então, num voejar sereno traçarei a geografia da cidade em ares que serão de abril.

Joel Gomes Teixeira