ausência de cor
I
Chegaram aqui como se nõa quezessem nada e foram tomando conta do pedaço;
Os brasões da armada deram posse dessa banda da terra à coroa.
O escrivão oficial, Caminha, escreveu cartas dando conta das novidades e por decreto Del rei mandou-se cumprir em sua ordem que esse torrão é português!
Não mostraram uma face da dominação, pois eram muitas: a do burocrata, do soldado, a fala, a espada o arcabuz;
Engalanados, cruz em riste, os soldados da fé mostraram aos que aqui viviam que existia a salvação;
Com tinta colhida do sangue de aves pintaram a terra de um azul anil e cores mil e o mito se fez.
Introduziram a civilização ao avesso...
trouxeram padres, putas,
Arrancaram - lhe a sua cobertura inicial cingiram de vermelho - sangue o litoral e as matas;
Em noites de breu, veredas adentro roubaram do ser as suas almas e a violência se fez no novo mundo português;
Da África, traficantes, no afã do lucro, trouxeram quem deveria ser o sangue, o motor da economia montada em torno dos engenhos:
Impondo-lhes a maior da condenação, pois sem alma, deveriam pagar no inferno das senzalas as piores das penas;
Enquanto isso a permissividade caminhava lado a lado e foi-se gerando caboclos, morenos, cafuzos, sararás, que por sobre muares e equinos tangiam bovinos;
Transpondo chapadas, cânions de garganta profunda sertão adentro Fugindo da civilização de caranguejos;
Formava-se a civilização do couro;
E na esperava de encontrar o vil metal tropas de homens rudes acompanhados de cafuzos, escravos, homens brancos pobres de armas em punho e bandeiras a tremeluzir em busca de glória, riqueza fácil, plantas que curam, ou quebrar a resistência de povos primitivos que ousavam oferecer resistências;
Descortinaram o véu da selva densa e fechada que de tanta luz tropical é de um verde oliva fosco;
Ou cruzar a caatinga cinza até chegar ao vale do Rio dos Currais
No litoral a civilização se erigia: engenhos, vilas, povoados, cidades e capitais para atender as novas demandas geradas pelo aumento de almas;
I
Chegaram aqui como se nõa quezessem nada e foram tomando conta do pedaço;
Os brasões da armada deram posse dessa banda da terra à coroa.
O escrivão oficial, Caminha, escreveu cartas dando conta das novidades e por decreto Del rei mandou-se cumprir em sua ordem que esse torrão é português!
Não mostraram uma face da dominação, pois eram muitas: a do burocrata, do soldado, a fala, a espada o arcabuz;
Engalanados, cruz em riste, os soldados da fé mostraram aos que aqui viviam que existia a salvação;
Com tinta colhida do sangue de aves pintaram a terra de um azul anil e cores mil e o mito se fez.
Introduziram a civilização ao avesso...
trouxeram padres, putas,
Arrancaram - lhe a sua cobertura inicial cingiram de vermelho - sangue o litoral e as matas;
Em noites de breu, veredas adentro roubaram do ser as suas almas e a violência se fez no novo mundo português;
Da África, traficantes, no afã do lucro, trouxeram quem deveria ser o sangue, o motor da economia montada em torno dos engenhos:
Impondo-lhes a maior da condenação, pois sem alma, deveriam pagar no inferno das senzalas as piores das penas;
Enquanto isso a permissividade caminhava lado a lado e foi-se gerando caboclos, morenos, cafuzos, sararás, que por sobre muares e equinos tangiam bovinos;
Transpondo chapadas, cânions de garganta profunda sertão adentro Fugindo da civilização de caranguejos;
Formava-se a civilização do couro;
E na esperava de encontrar o vil metal tropas de homens rudes acompanhados de cafuzos, escravos, homens brancos pobres de armas em punho e bandeiras a tremeluzir em busca de glória, riqueza fácil, plantas que curam, ou quebrar a resistência de povos primitivos que ousavam oferecer resistências;
Descortinaram o véu da selva densa e fechada que de tanta luz tropical é de um verde oliva fosco;
Ou cruzar a caatinga cinza até chegar ao vale do Rio dos Currais
No litoral a civilização se erigia: engenhos, vilas, povoados, cidades e capitais para atender as novas demandas geradas pelo aumento de almas;