PENSAR O PENSAMENTO

Freud disse que o pensamento é a ação ensaiando…

Nosso pensamento é povoado por seres, atuando sempre em duas esferas sobrepostas, a lógica e a mística. Seres virtuais que existem graças à atividade elétrica das células neurais, vivendo em uma realidade paralela, como um fogo invisível queimando a madeira sem fazer fumaça, as rodas que queimam os neurônios se alimentando da sua matéria orgânica.

Pode-se dizer que o pensamento é um caleidoscópio formado por incontáveis espelhos adimensionais que se refletem uns nos outros, dando origem a formas/receptáculos que tecem os nós entre as informações internas e externas. Nosso único papel em meio a esse complexo é girar as peças e contemplar o novo, as permutações aleatórias das formas e das cores…

Há quem diga ainda que: “pensar é ter, no crânio, uma larva…”

Pode-se dizer ainda que o pensamento é uma estrutura utilizada para se apreender a realidade. Pensar o pensamento e traduzi-lo em signos é reduzi-lo, é como se tentássemos encaixar no tempo o que é atemporal ou dimensionar o que em si é hiperdimensional…

Cada ciência traz o seu modo de interpretar o Real, cada visão encontra aplicabilidade em um determinado contexto, não há portanto uma ciência universal como no livro “Dogma e Ritual da Alta Magia”, no entanto é importante que se encontre algo como uma Alta Sinergia entre as ciências.

Enquanto analisamos o fenômeno, este se transforma junto com a natureza e nós também mudamos durante o processo de formação de conhecimento a respeito do mesmo, de modo que a princípio sabíamos um pouco e posteriormente um certo bocado, no entanto sem nunca chegar a uma certeza garantida, somente horizontes transitórios…

Mas sem mistérios não haveria graça, surpresa ou descoberta, faltaria paixão para buscar o elixir da longa vida, faltaria fantasia e emoção para encontrar o tesouro perdido… se tudo nos fosse revelado de antemão não haveria sentido em progredir rumo a perfeição, a existência toda seria um dogma, tudo seria predeterminado… A busca por saber infla o ego, trás poder e libertação de algumas amarras, revoluciona costumes afinal, mas suscita tantas outras amarras e tantos outros paradigmas de argila.

Quando o nosso ciclo estiver perto do fim esqueceremos tudo o que progressivamente fomos ostentando e a natureza irá vencer novamente, como sempre faz, pois ela é maior do que nós. Nosso mundo virtual, nosso acúmulo histórico de conhecimentos nunca foi capaz de dominá-la, somente de imitá-la em alguns aspectos, assim como se faz em uma caricatura engraçada.