Epilogue-Lent

Os meus calos doem. E não seria diferente, pois a caminhada por inóspitos terrenos, destroi lentamente os pés. Lamentavelmente, vão ficando para trás, farrapos de roupas, que se prendem aos arbustos, ficam gotas de suor, ficam restos de lâminas quebradas, ficam ladrões e ficam amigos.

Nunca chegar é essencial, para continuar vivendo.

Então, é nesse estado que assentado por instantes, à beira do caminho, reflito sobre a vida, entre uma mordida e outras no mesmo pão adormecido. Pensei parar por mais tempo, e escrever um livro. Para lembrar de meus amigos, dos amores que já se foram para bem longe, ou que nunca existiram. Mas no fim, seria mais um filho bastardo no mundo, aguardando um pouco de compaixão.

Idéias passam, idéias aparecem, e cada renascimento em meio ao caminho, nos torna ou mais fortes, ou mais psicóticos. Não é fácil conviver com a nossa própria dualidade.

Mas vamos continuar tentando, porque ser um humano é, antes de tudo, ser obssessivo.

Aos meus grandes amigos, um pouco do meu sorriso. Aos meus detratores, um obrigado sonoro e veemente. No fim, tudo isso será pó mesmo. E não restando mais nenhuma consciência, toda a vaidade passará.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 05/11/2007
Código do texto: T724280