Verdadeiro e caprichoso

Quantos viventes tentaram entender

O deus louco que devora os próprios filhos?

Foram tantos que não só tentaram compreender

como também quiseram impor-lhe empecilhos.

Foram muitos que quiseram

e fizeram de tudo para deter o tempo.

Retardar sua passagem, adiar o envelhecimento...

Evitar a morte, o sofrimento...

Mudar a sorte e até curar o esquecimento.

Mas ele não se desviou um só milímetro

da rota que traçou para si mesmo.

Ele não segue a esmo.

Vai traçando roteiros... Uns devagar, outros ligeiros...

Não se detém diante de nada...

Na sua esteira todos estão.

Apenas um É.

Pra quem tem fé...

Todos os outros passam com o tempo...

Viajam com ele...

E eu?

Ah! Eu também estou passando...

Sou vaidosa, não nego.

Mas o tempo do meu ego se encarrega

E da pele, do cabelo...

O espelho é a testemunha que não nega a sua passagem...

O tempo para mim é a verdadeira viagem...

Esse Titã não é sutil nem mentiroso.

É cruel, louco e caprichoso...

Mas só revela a verdade e com justiça.

Passa inexorável para todos...

Nada e nem ninguém o detém ou retém.

Ele voa... Escorre e se esvai...

Sempre em frente... Sempre igual!

Indiferente à tudo no seu ciclo natural...

Ai de quem precisar de sua piedade

ou ficar no seu caminho...

Ele atropela e não volta para prestar assistência.

Anda sempre sozinho...

Resoluto e imperioso segue...

Enfim! Passar é sua essência...

E passando está!

Senhor de tudo, de mim e de si.

Absoluto!

Até o fim.

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 19/05/2021
Reeditado em 18/12/2022
Código do texto: T7258871
Classificação de conteúdo: seguro
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