Conversa de Outono

Meus passos pisam folhas secas, que o orvalho beijou de madrugada. E sigo alheia pela bruma agora fria de um jardim de outono sonolento.

As cores agora já não são tão intensas, nem vibrantes. O tempo faz uma pausa para recuperarmos o fôlego gasto nas chamas intensas do verão, que se foi.

Assim, os sentimentos finalmente se aquietam e esperam retomar a calma e a sensatez da realidade dessa estação fria e real. Sem o calor das emoções efervescentes e seus sonhos de primavera.

Aí, penso:

- Que fale, então, a luz da Realidade e da Razão.

Mas, não adianta. Uma vez que a realidade do presente é hoje inesperado. Não foi antes imaginado e só resta nos adaptarmos a essa nova era do inesperado.

E o tempo ganhou outra dimensão. Os dias se arrastam e se repetem como se fossem todos primeiro de abril, que começou ontem no hoje e amanhã.

E assim somou-se um ano, indo para dois ou mais?

Nada sei mais do que soube ontem. Só sei que no espaço vazio cabe tudo de bom e de mau. E todo cuidado é pouco para não nos perdermos nos atalhos dos segundos.

O tempo e um sábio mestre que ministra aulas na dosagem certa e no tempo oportuno.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 26/05/2021
Código do texto: T7264550
Classificação de conteúdo: seguro