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Eu disse:

— Vai ficar tudo bem!

Mas raramente fica, nada fica.

Está uma bagunça aqui dentro, estou quebrada e fora de controle.

A noite me espreme e me arranca soluços; não sei se vou mais aguentar ficar assim.

Olhei as nossas fotos e relembrei o dia em que você disse que nunca partiria, que sempre estaria aqui, que eu não me livraria tão fácil de você, mas você se foi e deixou um buraco enorme, entulhado de saudades dentro de mim.

Eu sorrio e digo que estou bem, mas não estou, nada está.

Verdade seja dita!

Cavamos em nós um poço de sentimentos vazios que agora nos corrói feito ácido, enquanto o céu chora nós dois.

O nosso amor é como uma grande montanha que a gente tenta escalar, tenta e tenta, mas nunca se chega lá.

Você desistiu, recuou como uma onda no mar.

Fiquei à deriva, morrendo lentamente e sei que você também está.

Sei que como eu, você passa a madrugada escrevendo sobre nós, coisas que jamais iremos ler.

Estamos longe de casa amor, as luzes se apagaram e a cidade dorme.

O barulho lá fora é mínimo diante do estrondar que desmorona dentro de nós.

Já são 03:15 da madrugada e tudo o que eu mais quero nesse momento é escalar até o topo da montanha com você.

Mas a incerteza está cortante lá fora e os ventos me dizem que não há mais nada lá em cima.

Estamos longe de casa amor, longe demais para escalarmos novamente.

Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 05/06/2021
Código do texto: T7272085
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