última vez

se eu soubesse que aquele seria nosso último telefonema, eu teria dito mais. eu teria dito o quanto eu sentia sua falta e também o quanto eu sabia que isso era errado. eu teria dito o quanto você me machucou, mas também o tanto que me fez feliz. se eu soubesse que nunca mais iríamos nos ver, eu teria dado pelo menos um oi ou teria te olhado por alguns segundos pra gravar aquela tua expressão de dúvida, surpresa ou apenas alívio. mas também, se eu soubesse como minha vida seria do seu lado, talvez eu escolhesse ficar em casa na noite em que nos conhecemos. até hoje não entendi o seu telefonema. um misto de declaração e despedida, de amor e desprezo. tuas palavras ainda ecoam na minha mente. “eu tenho medo de te ver de novo” “quando eu deito do lado dela, penso em você, penso que deveria ser você aqui comigo” teu último “eu te amo”. naquela noite você me disse tudo o que eu tanto ansiava ouvir por três anos. eu te senti vulnerável pela primeira vez. ou era mais um dos teus jogos? sinceramente, eu não sei responder. mas algo aconteceu naquela noite. algo aconteceu quando você me disse tudo aquilo. eu já tinha esquecido. eu já tinha seguido em frente. e ali, naquele momento, tudo desmoronou. nunca mais esqueci teu rosto, tua voz, tuas palavras. nunca mais deixei de ensaiar o que dizer ou como agir quando te encontrasse novamente.

10/01/21

Beatriz Linhares
Enviado por Beatriz Linhares em 13/06/2021
Código do texto: T7278248
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