Faça algo!

Faça-me ouvir de novo.

Convença-me.

Está quase conseguindo.

Abra a porta e vá entrando.

Encostei, mas não travei.

É só empurrar.

Vá entrando, derrubando tudo.

Destroce as pilastras, destrua os livros.

Entre travando a porta atrás de si.

Apague a luz, diga “estou aqui”.

E me faça esquecer o mundo,

Códigos de conduta, artigos de lei.

Faça-me seu de uma vez.

Você tem apenas alguns instantes,

Antes que eu me decida.

Antes que eu diga “não”.

Cante de novo a canção.

Faça logo o que quer,

Mas faça algo.

Eu não posso.

Entre pela porta e trave bem.

Pois lá fora, não convém que haja testemunhas.

Mas, faça logo enquanto estou suscetível.

Senão, teremos nos perdido.

Você terá se encontrado,

Arrependido ou regozijado.

E eu serei apenas passado.

Apenas passado.

Faça logo!

Vem vindo os donos da razão.

Vem vindo os ministros.

Arrume a cama, arme o circo.

Faça. Eu desisto.