Da série:Fragmentos    
               UM SABONETE


No mercado ela pediu a sugestão de uma atendente para encontrar "o mais cheiroso dos sabonetes".
A moça lhe sugeriu alguns e a matuta optou por aquele de embalagem amarela que cheirava a rosas.
No âmbar da tarde , de toalha e sabonete em punho, ela cruzara o quintal e abriu uma pequena porteira que dava para o riacho.
No verde da campina, branquejavam os gansos e a queda d água tecia renda rolando sobre as pedras.
Espiou para os lados - não passava viva alma por ali - despiu-se e, encabulada ordenou aos gansos que calassem os bicos.
As águas rolavam generosas sobre o seu corpo desnudo e aquele cheiro de rosas a entorpecia.
Era dona de um belo corpo , e os cabelos negros lembravam uma floresta por onde habitavam Narcisos.
O dia entregava-se ao beijo da boca da noite e , na soleira da porta ela esperava ansiosa pelo parceiro.
De repente, o ruído seco das rodas da carroça, denuncia a tão esperada chegada.
Sob um céu parindo as primeiras estrelas o homem da sua vida está a caminho.
Um abraço e a reação tão acalentada.
-Nossa! Minha nega. Como "ce tá cherosa ?, parece uma "rosera em fror!"
Será que tô memo, Nego ?
- Vixe! Como tá !
Um turbilhão de emoções, um vento maroto apagando o lampiãozinho, o casal entregue às profundidades do amor.
O casebre mergulhado na escuridão.A janelinha escancarada...
Vagalumes curiosos, acendendo archotes para bisbilhotar o amor acontecendo.
Uma estrela cadente adentra pela janela.
[ O casal nem percebe ]
Nos compartimentos...Aquele odor de rosas
[ do sabonete... ]



Joel  Gomes  Teixeira
IRATIENSE THUTO TEIXEIRA
Enviado por IRATIENSE THUTO TEIXEIRA em 09/07/2021
Reeditado em 09/07/2021
Código do texto: T7296306
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