Silêncios romantizados

Calmarias romantizam silêncios. Um simples farfalhar de brisas por entre folhas, em carícias outonais, causa despedidas amarelecidas. E o chão se veste da leveza de cada folha despencando de poesias, todas em silêncio.

Orvalhos cintilam pelos raios de sol na manhã e deixam-se extinguirem numa saudade que fica sobre o corpo das pétalas, quando em filetes rolam lentamente. São carícias de adeus.

Ventos se vão pelas brechas invisíveis dos ares. Passam rabiscando ternuras na pele da gente. Não contam de distâncias, apenas salientam frescores.

Pedras confidenciam suas abstrações e se concretizam em solidões intensas. Riachos às vezes tomam banho de chuva, deixando os pés estendidos sobre os charcos que a pluviosidade inventa nas margens deles.

Ao longe os horizontes se estendem e entendem quando a tarde se definha vagarosa e a noite que se aproxima regurgita sem barulhos a primeira estrela de sua garganta.

O tempo se despe de marcas e as espalha por todo caminho em retalhos de histórias sem fim.

O negrume da noite é apenas a ausência do abraço do sol, que corre para dar carinho à outra parte do mundo. Claridade, caridade, igualdade. Natureza é ordem. Essência que se despede, mas volta em seus silêncios romantizados.

Takinho
Enviado por Takinho em 13/07/2021
Reeditado em 28/12/2023
Código do texto: T7298713
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