Urutau II.

Não sou propriamente poeta, bem sei,

Mas é que minhas noites de insônias são longas

E meus olhos de olheiras

Escrevem o que não sonhei.

Julgo muitas vezes que o sonho é que é o real

E quando acordo

Demoro para perceber que não sou um urutau

Triste não estar escondido num galho,

Cantando para a lua

Sentimentos de dor e amargura.

Como um urutau

Num tronco de pau

Camuflado para o resto do mundo

Ressoando aquele canto:

-Foi, foi, foi, foi...

Eu fico pesando em você,

Minha Lua... influenciando minha maré...

-Dói, dói, dói, dói...

Sabe, já tive enchentes e transbordei.

Mas lá no fundo sei: luas são impossíveis

Lua é o sonho de vários poetas.

É o canto dos Jurutais.

(E. P. Coutinho)

Eden P Coutinho
Enviado por Eden P Coutinho em 15/07/2021
Código do texto: T7299700
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