Carta aberta
Oi Deus,
Sou eu de novo.
Já nem sei quantas vezes já vim aqui
Ou há quanto tempo já não venho.
Ando cética, cínica, sobretudo de amor.
Embora às vezes ainda o acredite,
Me desacredito, me descredito.
Ah essas crenças que limitam minha grandeza.
Embaraça-me minhas ausências
Mas é retiro, precaução, diplomacia
Ir fundo revela-me, desnuda-me.
Não quero por ora.
Há épocas que me aperta o peito
Sufoca-me a alma essa sensação
De erro, de falta daquele cara, de mim.
Contudo, esses encontros ao acaso
nos aproximam.
Mas entenda, não repetirei erros que já conheço
Terrenos minados machucam
E eu já sou demasiado mosaico.
Não quero promessas vazias de encantos efêmeros, cansei da confusão e dos lugares rasos.
Permito-me mergulhar.
Quão fundo chegarei sem perder o ar?
Lá, aqui, acolá, fora, dentro, quero ar...
Ar novo, novos ares, olhares, amores, amar.