David e Golias. Eu e Golias na Estrada!

Por algum tempo, permaneci em silêncio, enquanto atravessava um trecho sombrio da Estrada!

Buscava, ao dar um passo, após outro, vislumbrar pegadas do Mestre, as quais, nem sempre, se faziam visíveis aos olhos de minha sensibilidade e de minha fé!

Mirava, ao longe, projetada chama, às vezes bruxoleante, às vezes esplendorosa, atraindo-me... protegendo-me...

Concentrava-me... meditava, reunindo forças... forças do meu Espírto, as quais cresciam e se robusteciam... alentadas pelo Espírito Santo de Deus, o Deus único e verdadeiro!

Às margens do caminho, olhos aterradores de Golias,espreitavam-me, querendo atemorizar-me... eram o retrato do horror, como a traduzir bélicas e perigosas ciladas...

Em silêncio, calando-me com autoridade, eu prosseguia, eu avançava, passo após passo...

A chama, que rotulo de sagrada, lá estava, lá continuava!

A falange de Golias, também... Golias, vários, que pareciam clones... malgrado apresentassem distintas cores de cabelos e de olhos...

Horas transcorriam... e, no paralelo, minha vida normal, cotidiana, igualmente seguia seu curso, simultânea a esse, digamos, sonho mau...

Tudo prosseguia... no meu dia a dia.

Ninguém me dava crédito, se eu esboçava qualquer movimento de compartilhamento, no que concerne a algum relato sobre o que me acontecia...

Eu começava a cansar-me...

No esforço pela restauração de meu equilíbrio, equilíbrio que iniciava a sofrer uma certa instabilidade, cheguei a ouvir benévolas vozes, vozes de poderosas hierarquias, inspiradoras de David quando da elaboração dos santos salmos! Audível, também, se fazia sua mística lira de três cordas!

Nesse sentido, contudo, propicia-me dizer que foi por pouco tempo que pude ouvir a mântrica melodia, pois os golias pareciam mais ferozes com a música!

Em meio a tudo isso, percebi que não me bastavam a doçura do canto da lira, nem das vozes santas, eis que eu constatava minha necessidade do aprendizado do manuseio da funda, que, em minha destra, acabava de ser colocada pelo Altíssimo!

Mas... a inércia queria tomar conta de meu ser, que não desejava lutar! Lutar, ali, era sofrer! Eu queria deleitar meus ouvidos com o musical som... e os meus olhos com a Crística Chama que me atraía e protegia!

Todavia, dessa forma, eu pouco avançava, e quase não crescia! Como se minha alma não evoluísse, permanecendo, ali, estagnada.

Contudo, o combate, naquele trecho do caminho apresentava-se inevitável e, mesmo, um grande desafio...

Resolvi, então, adestrar-me para a luta!

Dói crescer!

Assim, não podendo me omitir, por não ser covarde, decidi lutar com as armas e ferramentas do quaternário terrestre em que me encontrava!

Assim, fui apalpando a funda ou a baladeira do meu nordeste brasileiro, fui sentindo-a, sentindo-a, transformando-a em arma poderosa e certeira!

E eis que, com fé e muita coragem, alcei meu braço o quanto pude e... a pedra arremessei! Arremessei-a na direção daqueles seres sombrios, que, interna e externamente, me faziam oposição, oposição ao meu aspecto luminoso e desejoso de crescimento!

Pois é... arremessei!

E, como em jogo de boliche, de bom arremesso, os golias clonados, um a um, foram caindo, vencidos, à margem da Estrada!

De repente, aquela Estrada que fôra palco de grande luta, apresentava-se limpa e clara, passando a ostentar lugar para o trânsito, ainda que rápido trânsito, do "Justus et Perfectus"!

A vitória corporificava-se!

Eu, serena, em crescimento, restaurando-me, caminhava para aquele Centro! Centro maravilhoso de Agni, fogo sagrado! Agni, Sol Espiritual! Crística Chama! Crística Chama que me envolveu e me acolheu por inteiro, devolvendo-me a paz e o amor!

Agni, Agni, Agni!

Maria Deonice Sampaio Costa

De Fortaleza, a 12 de novembro de 2007.

Maria Deonice Sampaio Costa
Enviado por Maria Deonice Sampaio Costa em 12/11/2007
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