PARA UMA AMIGA

O vazio é objeto de estudo em muitas ciências. E são várias as hipóteses e conceitos levantadas acerca dele.

O vazio na Física é vácuo. Na Matemática, paradoxalmente, é “conjunto vazio”. Na Metafísica, ramificação da Filosofia, o vazio se compara com o nada, com o obscuro, com a ausência de tudo. Na música, o vazio se chama silêncio. Vazio é lugar desabitado, despovoado, solidão.

Mas, para mim o vazio é algo muito mais subjetivo. Porém, o intuito não é falar sobre o meu vazio, mas sobre o vazio que está a invadir você, minha amiga.

Senti, me aventuro em afirmar isso, visto que não posso sentir nada em seu lugar, que o vazio que está lhe dominando é do tamanho de escuro profundo que hoje vemos no seu rosto no lugar onde deveriam estar suas expressões sempre tão lindas. Seu vazio é semelhante a sensação de falta de identidade que sentimos quando não nos reconhecemos nem diante do espelho. Seu vazio se compara com a dor da injustiça que não pode ser remediada. Seu vazio tem a tristeza de melodias em tom menor compostas para horas de muito pesar. Seu vazio é da envergadura de quem sorrir para não chorar. E, não tenha dúvida, este último vazio que citei foi o que mais me incomodou em sentir junto com você, porque amiga, não quero que você se deixe esvaziar por causa da pequenez alheia. Pelas tantas críticas dos Advogados do Diabo inquisidores que a todo tempo insistem em nos julgar e dar a nós um semblante que não é nosso, mas que pela persistência das acusações, quase nos convencem de que somos mesmo vilões.

Eu te adoro e isso pode não fazer muito diferença ou ajudar a melhorar seu estado de ânimo, mas desejo do fundo do meu coração, que possa pelo menos diminuir a imensidão desse seu vazio.

Um grande abraço,

Analúcia Azevedo.

Analúcia Azevedo
Enviado por Analúcia Azevedo em 13/11/2007
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