É fato não engano

Como escreveu Machado: "que me conste,

ainda ninguém relatou o seu próprio delírio".

Então, não deliro, creio,

quando te ouço sussurrar: te amo!

Se me salta a pele a juventude,

se já não me espreme o cansaço

então não deliro, creio,

porque em tudo acho graça.

Se não houve quem me viesse contar

que andei repetindo um nome ao vento,

abraçando como um doido o vazio.

Que andava pelo quarto como um pensamento.

Então é fato não engano, o que era antes devaneio.

Pois, não deliro, creio,

quando te ouço sussurrar: te amo!