SONHOS
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Maria de Fatima Delfina de Moraes
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     Todo mundo tem um ou mais sonhos arquivados.
     Daqueles que não realizamos por falta de tempo, falta de recursos financeiros ou materiais.
     O pior sonho arquivado é aquele no qual acreditamos que não seremos mais capazes de realizar.
     Quando o sonho não é ficção, podemos sim lutar por ele.
     Fiquei decepcionada quando um amigo me disse que não posso mais ter a pretensão de estudar saxofone, canto e violão.
     Já toquei violão para acompanhamento, mas um choque anafilático com anestésico durante uma de minhas cesarianas me fez esquecer tudo o que aprendi em habilidades complementares: falava e escrevia dois idiomas e entendia mais um, em linguagem técnico-científica. Assim como não mais pude identificar todos os instrumentos de uma orquestra sinfônica, porque amo clássicos e rock (deste já não consigo diferenciar baixo, contrabaixo).
     Ele me disse:
     - Você não tem mais saúde, nem idade.
     Em resposta:
     - Posso não estar com a saúde cem por cento, mas tenho coragem, força de vontade, fé na vida.
     - Estou fazendo tratamento com afinco porque acredito que posso melhorar muito mais do que já alcancei em quase dois anos de pandemia (saí da situação de obesidade mórbida para 81 quilos.
     Quando a depressão quis me apanhar de surpresa, entrei para a terapia em telemidicina.
     - Faço artesanato com recicláveis e ainda ganho dinheiro com eles.
     - Escrevi dez livros durante a pandemia. (seis dos quais já publicados, sendo dois em segundas edições revisadas).
     - Assim que tomei a primeira dose da vacina de Covid, voltei para a fisioterapia e fisiatria.
     - Nos últimos quatro meses, montei uma academia pequena para mim, com uma ergométrica e materiais para exercícios de peso.
     Fui diagnosticada com espodiloartrite anquilosante, mas decidi que eu irei derrubá-la, não ela a mim.
     Tudo o que conquistei na vida foi por acreditar que podia que iria conseguir aliada a minha fé inabalável.
     - Quanto à velhice, está na cabeça de quem acredita nela.  Velha ficava a sua avó.
     E conto para vocês que esta garra também herdei de bisavós, avós e pais.
     Minha avó paterna morreu aos oitenta e sete anos dançando frevo como ninguém e tocava violão que era um primor.
     Eu não sei quanto a vocês, mas eu tenho a certeza, que vou alcançar todos os meus sonhos e que enquanto viver, ainda terei com o que sonhar e correr atrás para conquistar.

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Maria de Fatima Delfina de Moraes
Enviado por Maria de Fatima Delfina de Moraes em 13/10/2021
Reeditado em 13/10/2021
Código do texto: T7362990
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