Ao poeta que vive em mim

Que eu seja o afago aos pensamentos dormentes pelo desamparo

Que eu seja a voz a semear e germinar sonhos, a extrair o riso de olhos tristonhos

Que eu possa fazer a alma regozijar,

fazer o pranto calar.

Que em meio a dor, meus versos, e mal traçadas linhas possam de alguma forma acolher e consolar

Que em meio aos vazios, eu possa preencher as lacunas daqueles que buscam na vida algum sentido.

Às vezes escrevo aquilo que minha alma grita, às vezes sangro em versos pra poder dar algum consenso à tudo o que não consigo explicar

Por vezes é apenas um toque sutil de todo meu sentir febril, apenas uma pequena porção do que habita meu coração...

Então que eu possa externar

Que possa versar;

Que possa sonhar;

Que eu possa reascender

sempre que tudo em mim desmoronar.

Assim é o poeta, transcende, transmuta, acende estrelas na escuridão de suas incertezas, vive na contramão de suas clausuras, num mar de estranhezas, tantas vezes uma contradição naquilo que não tem, e daquilo que deseja.

... e das minhas profundezas, eu abstraia as desilusões e irradie beleza

Que a frieza deste mundo nunca venha minha existência contaminar

Que eu seja verso, prosa e poesia

Um ode ao amor, ou a melancolia

Enquanto houver desejo ardoroso que pulsa e vontade de sonhar

que eu possa levar algum brilho no olhar,

Poeta por sobrevivência,

meu legado eu hei de deixar, eternizados em minha escrita,

e que minha loucura, seja infinita...

pelo clamor escondido nas entrelinhas

Que meus versos sejam uma prece,

uma chama acesa ou até fagulha que aquece.

Uma fonte inesgotável que jorra de almas intensas, em total sincronia entre a realidade e a fantasia sempre de mãos dadas à poesia.