O TEMPO

 

 

"Onde meus olhos focaram,

nada me escapuliu;

olhei o que todos olharam,

vi o que ninguém viu."  

Joaquim Veríssimo Ferreira Filho

 

 

Maria de Fatima Delfina de Moraes

 

 

E o tempo hoje acordou como eu, nublado!

 

Manhã de quarta com cara de quinta, ao completar sessenta e quatro anos.

 

Ainda ontem revivi como num filme, tudo o que já passei e quantos por mim passaram.

 

Uma amiga que mora distante com a qual não me comunicava fazem quase quatro anos, fez recordar momentos divertidos (em que demos boas gargalhadas), outros momentos sofridos, mas que na maturidade observamos que já não vale a pena por eles chorar.

 

Confesso que causo surpresa quando digo que vivi e realizei tudo aquilo com que sonhei.

 

Como alguém se sente tão realizado. É Simples!

 

Quem olha para dentro sonha, mas quem olha para fora, nos dias de hoje, é sim um abençoado.

 

Tive filhos e neta perfeitos, nasci perfeita enquanto corpo humano; tenho capacidades de pensar, agir, criar, produzir...

 

Não tive Covid! Meus filhos e noras que tiveram, passaram bem pela doença e hoje estão cem por cento imunes.

 

Já morei da comunidade aos palácios. Hoje vivo da forma mais simples possível.

 

Com tanta gente necessitada ao meu redor, um dia refiz minha casa e doei tudo o que não mais me tinha valia.

 

O lema é: se você não está usando, não está a fazer falta.

 

Parei de guardar coisas para ocasiões especiais: louças, roupas, sapatos, livros.

 

A casa está como eu: " de alma leve".

 

Hoje vivo serena, sozinha e feliz.

 

Como ser feliz sozinha? Estar só não significa solidão. O silêncio me trouxe de volta o que mais tinha saudades: o canto dos pássaros.

 

Sinto falta da casa cheia? Sim.

 

Porque minhas casas sempre foram lotadas e alegres.

 

Tres irmãos em idades distintas e nossos infinitos amigos.

 

Tres filhos, seus amigos e música sempre.

 

Eu os incentivei para salvá-los das drogas que nos rondavam, e agradeço a Deus a intuição.

 

Meus filhos hoje são brilhantes compositores e cantores também.

 

A cada ano que passa, mais ainda me movo para meu próprio bem mental, físico e espiritual.

 

Reestudando violão que bênção. É o que alimenta minha alma, além da poesia.

 

Enfeitei todos os cômodos com minha arte em descartáveis e recicláveis. Flores artificiais deram o toque especial.

 

E hoje o mimo do meu coração, são os muitos necessitados e abandonados em situação de rua. Torno a agradecer, e de forma incansável, a todos que têm ajudado através da aquisição de meus livros, cujo dinheiro vem sendo revertido para os que precisam.

 

O que desejo no dia de hoje?

 

Agradecer a Deus e aos meus Orixás.

 

Pedir somente paz e saúde!

 

 

 

 

 

 

 

Maria de Fatima Delfina de Moraes
Enviado por Maria de Fatima Delfina de Moraes em 27/10/2021
Reeditado em 27/10/2021
Código do texto: T7372423
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