Isso Vai Destruir Você

Pobre homem que vaga por terras desoladas sem sequer carregar consigo algum mísero propósito! Arrisca-se tanto para trilhar um caminho repleto de armadilhas, vagando pelas cidades e apenas deparando-se com a pútrida essência de si mesmo e de seus irmãos que cospem-no e maldizem a sua existência, taxando-o de homem vão e desprezível... Quão tolo és, pobre homem!

Como pode um homem ser assim, morrendo a cada respiração desse ar maculado, saciando-se com águas de poços lamacentos, violentando-se a cada encontro com seus iguais e continuar lutando arduamente sem nenhum destino que validaria toda essa tolice? Tu, que sequer tem um objetivo, tem nos pés o sangue de suas peregrinações inúteis, e tem no peito um coração que farta-se aos poucos de bater por alguém que constantemente busca a própria destruição.

Como gostaria que tu, pobre homem, tivesse alguma salvação, pois dói-me inexplicavelmente ao vê-lo neste estado patético... Mas é impossível haver tal coisa por essas terras. Apenas convivamos com a peste que força-se ao nosso lado, matando-nos espiritual e fisicamente, trazendo consigo a degeneração que açoita-nos desde as nossas essências. Deixemos enjaulada essa maldita tendência que esforçamo-nos a mantê-la atrás das jaulas... Essa maldita tendência de sermos algo, Deus!

Veja, pobre homem. Veja essa terra devastada que chamamos de nossa... Nós somos os culpados por nossa orfandade. Causamos essa devastação! Nossos filhos - coitados! - não apenas nascerão amaldiçoados, como também serão os responsáveis pelos atos vis que todos praticamos cegamente!

Ó homem miserável, pare! Isso vai destruí-lo. Sente-se um pouco. Acalme essas pernas feridas. Acenda um cigarro e pare de vez com a busca frenética e sem sentido por qualquer que seja a coisa que provavelmente nem mesmo você sabe. Não precisa inquietar-se pela devastação de uma terra que sequer deu-lhe o poder de tocá-la sozinho. Não lute contra inimigos tão brutais e invisíveis. Eles reduzirão-lhe à nada menos que um demônio vil, e tacarão-lhe pedras até que finde a pertinência de seu pobre coração.

Max Tuvache
Enviado por Max Tuvache em 28/10/2021
Reeditado em 28/10/2021
Código do texto: T7373672
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