que novembro seja doce (bloco de notas de cocci) 🐞

O regozijo caminha de mãos dadas com a gratidão, refletiu ela enquanto deixava o chá de hortelã esfriar na caneca.

O penúltimo mês do ano assume ares reflexivos e sob um olhar mais atento de quem busca na poesia um diálogo de alma para alma, o parágrafo rompe com as muretas erguidas por aquele bloqueio outrora amaldiçoado.

O tempo nunca deixou de passar, o vazio ameaçou engoli-la, há saudades que permanecem. Preso no alto da garganta estava o grito por tudo que deixou passar, pelo amor que se foi sem saber o quanto era amado, pela ideia que não se tornou uma sinopse e tampouco uma nova história, pelas injustiças engolidas em troca de paz.

A liberdade vigiada deixou cicatrizes, porém varrendo os cacos e segurando a pá para descartá-los em um local apropriado, enxergou-se neles, não poderia jamais cobrar de ninguém atitudes que deveriam/devem partir de si, seria uma imperdoável incoerência, não apenas palavras distribuídas de modo a rebuscar o manuscrito.

Nuvens carregadas de cinza e lágrimas acumuladas formaram-se no céu, ouviu de longe um gato miar, confortou-se com o barulhinhos das teclas, a porta-voz mais articulada para quem sincroniza o pensamento nas pontas dos dedos e deixa as marcas de suas digitais por onde vai, pegadas que o tempo pode apagar, mas nunca dizer que não existiram.

Que novembro seja doce, finalizou Cocci, a dezesseis dias de mais uma primavera.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 02/11/2021
Código do texto: T7377303
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