Irrestrito.
O tempo corre a frente em total afobação,
A roubar-me a essência em cada alvorecer,
Esperanças se renovam em contestação,
Desfrutando de um deflagrado embevecer,
Envolve-me, menino, em colo fraterno,
Numa trama em que o destino contribui,
Atiça a memória num emolumento eterno,
Libertando-me num sustento que evolui,
Percorre as lembranças vívidas reflorindo,
Com regozijos fretados dos caídos amores,
Seguindo a ternura do que vem ressurgindo,
Risonho contorno que enfeitiça os sabores,
O tempo nos agrilhoa a nossa própria sorte,
Com elos distanciados na longínqua infância,
É o dominador que designa o derradeiro norte,
Destitui a inocência sem nenhuma tolerância,
E ele transpõe sem piedade e nem mesmo dó,
É o beijo sem experiência em plena maturidade,
Fôlego disperso, devaneio que navegará no pó,
Sombra do sonho que sobrevém com a liberdade!