CAFÉ

Cumpri pouquíssimas promessas na vida. Especialmente aquelas que incluem eternidade e alguém envolvido. Sou péssimo com hiatos temporais indefinidos. Então, melhor esquecer a coisa do "amor eterno". É tempo demais. E geralmente, amor é só no começo. Depois vira apenas costume, preguiça de começar tudo novamente e no pior dos casos, culpa. Ultimamente, tenho preferido café. Já pensaram no quanto o café não decepciona? Ele deixa minha mente histérica na madrugada, quando preciso criar, me dá um pé na bunda de manhã, quando meu corpo se recusa a se levantar e o melhor: substitui pessoas. Sim. Troco um alonga conversa sobre política ou qualquer outro assunto por uma xícara de café, que não vai me encher o saco. Depois do sexo, com qualquer corpo disponível, é melhor café. Com a vantagem de que o café não está nem aí pra te impressionar. Ele apenas está alí. Fervendo, com com cheiro de manhã de quarta feira, pouco se importando com suas mais profundas dúvidas existenciais.

Por isso, se me permitem recomendar, prefiram café. Pessoas são muito menos quentes, muito mais cheias de perfume e muito menos úteis.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 19/11/2021
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