sempre haverá um barco a seguir
o sol adentrou a boca e trespassou a nuca.
caiu em horizonte perdido numa costa de montanha,
rumo olvidado a acolher exilado do nascente,
quando o repiquete surra o mar.
dar-te-ia todas as ondas enfurecidas
que cresceram nos no meus olhos,
empurrando âmbares aos abissais.
soluçam palavras em abandono,
nas represas,
órfãs da fervura do sol fugitivo.
e se não fossem os diques rompidos na fragilidades dos papeis,
espumas não lamberiam dunas.
como gostaria de esculpir nas curvas
que o vento formou,
um rosto adorando gaivotas,
pássaros contristes ladeando veleiros
tatuando-se em espessos nevoeiros
sou aquele devaneio sem timão balançando à deriva e
encalhando sempre na promessa de encontrar
a carência de um porto.
e bastaria teu mover de lábios para que
rotas se abrissem fazendo o sol voltar
a perambular nestas linhas.